10 de ago. de 2020

Os capoeiras e a "boca torta" pelo costume do cachimbo

 

Os Capoeiras e a "Boca Torta" pelo Costume do Cachimbo:

A naturalização das aberrações

Por: Mestra Brisa e Mestre Jean Pangolin

 

 

Como já dizia minha vó...."o costume do cachimbo deixa a boca torta", e neste mesmo sentido, penso que a naturalização de alguns comportamentos na capoeira também criou uma espécie de desvio tortuoso daquilo que deveria ser regido pelo bom senso. Assim, discorreremos abaixo sobre a natureza destes comportamentos nocivos a arte.

 

Vamos lá... Um primeiro comportamento muito freqüente entre alguns capoeiras é a "fofoca", o "disse-me-disse", muitas vezes tão observado que parece até ser um elemento identitário, quando de fato é apenas mais um comportamento humano desprezível, pois, invariavelmente, quem fala mal de alguém para você, quase sempre falará mal de você para os outros. Assim, aprenda de uma vez por todas que o antídoto para a fofoca é parar o fofoqueiro, se recusando a ouví-lo... Dizendo..."não me interessa".....sorrindo e saindo de perto...

 

Um segundo comportamento é a inveja, um outro comportamento feio, pois consome o invejoso por uma energia paralisante e não agrega nada de positivo para a comunidade. Como já dizia o grande mestre Riachão do samba... "A inveja tem quatro olhos, a inveja não vive bem, a inveja berço da incapacidade, vive com maldade, roubando o sossego de alguém". Desta forma, o invejoso sempre vive como um parasita da vida alheia, uma espécie de sanguessuga que nada produz e vive de criticar a construção do outro... Lembre minha amiga, meu irmão! O melhor remédio para a inveja é o TRABALHO e o esquecimento para estas pessoas, e logo verá todas elas ficando para trás, afundando na "lama", e sua vida... haha!... sua vida prosperando!

 

Um terceiro comportamento digno de tristeza é o uso de drogas. Estas substâncias psicoativas, permitidas ou não, são hoje um grande desafio para nossa comunidade, pois para muitos é aceitável, pois faria parte das ações individuais e privadas, não cabendo o crivo moral, social... Seeeeeráááááá? E pior, quando vemos que praticantes de determinado estilo de capoeira já são socialmente associados ao uso de determinado tipo de droga - o cachimbo da paz. Quanto equívoco! Penso no uso destas substâncias como um dos grandes males de uma sociedade adoecida, em que o alívio das mazelas do dia-a-dia precisa ser feito por uma desconexão da realidade, criando assim um exército de "zumbis" culturais. Ainda pior quando este uso é protagonizado por quem deveria ser, em tese, o tutor de crianças e mais jovens, educando pelo exemplo positivo.... Lamentável...

 

Um quarto exemplo, só pra não "esquecer de lembrar"... O ajuntamento em "grupinhos", é outra grande dificuldade da comunidade, pois enfraquecem o sentido UBUNTU, filosofia africana que diz que "SOU porquê SOMOS", e desarmonizam as relações com a diversidade, criando uma "luta" entre excluídos que se tornaram semelhantes ao pior dos excludentes da classe dominante, ou seja, muitas vezes estes coletivos não se percebem manipulados pelo opressor para enfraquecer a "luta" contra os verdadeiros donos do capital. E assim... a cor da pele, o gênero, a orientação sexual, acabam sendo pontos de "desencontros", quando poderiam ser a grande ferramenta de "encontro" pela percepção de que todas essas ditas minorias são exploradas pelo modo de produção que "coisifica" todos em favor do lucro.

 

Só pra não esquecer, um quinto e último comportamento... A defesa e cooptação dos capoeiras, por uma política partidária, predatória e manipuladora, é um mal terrível nos dias atuais, pois tenta a todo custo "arrebanhar" os menos críticos para projetos de poder que enganam o povo, dizendo ser a luta pelo bem comum, sendo na verdade em favor do "umbigo" dos donos de discursos "revolucionários", que, na maioria das vezes, não conseguem nem alterar a obscuridade da própria vida, mas insistem em transformar o "mundo do outro" com receitas prontas.

 

Enfim, 05 exemplos de comportamentos humanos que hoje só projetam a nossa arte pro fundo do poço... Eu poderia seguir descrevendo diversos outros conflitos naturalizados como "normais", cachimbos que deixam nossa "boca torta", mas por hora irei chamar o jogo... O berimbau não quer mais falar... Pra terminar pergunto... Você é mestre? Está a caminho da mestria? Então me diz... jogarás este "cachimbo" longe? ou seguirás como citado nas escrituras sagradas "vendo o cisco no olho do teu irmão e sem reparar a trave que está no teu próprio olho"?

 

Axé!

 

Ei, psiu... Gostou? compartilhe!!! Ajude a capoeira a refletir e crescer...

 

 

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário