21 de abr. de 2022

Training mediators for EAD in obesity: an experience report (www.worldobesityday.org/stories)




 

For World Obesity Day 2022, the Brazilian Obesity Panel convened obesity experts and organizations to share their experiences in preventing and controlling obesity in Brazil. This is one of their stories.

What was the objective of the project?

I am a nutritionist specialising in methodologies of higher education and preceptorship in the Unified Health System (SUS), I am pursuing my doctorate at UFBA, and I study education and obesity. I am also a university professor at the Health Sciences Center at UFRB, and I work with the theme of obesity & Nutrition in Collective Health in actions structured in the university tripos. I have been working on a project to train mediators to work in health courses in the distance learning modality, with a focus on the complex theme of the obesity phenomenon.

The training of mediators to work in distance education involves a series of steps that range from evaluating the curriculum, to knowledge about the area of concentration of the course, to understanding the teaching modality, to evaluating the training process and defining the attributions and interaction model of teachers and mediators. If this training is for a course to qualify the care for people with obesity, added to this demand is the challenge of building a scientific and pedagogical ballast to broaden the understanding of mediators regarding the construction of new narratives for this complex and multifactorial phenomenon.

What was the methodology used?

The construction of the model, the methodology for training mediators, and the experience and evaluation of the training process, carried out in 2021, was built by 8 members of the Training Commission and experienced by 9 mediator teachers over a period of 6 months. Virtual weekly and fortnightly meetings took place in Moodle/AVA, with the participation of guests. The meetings were structured with an introductory moment, presentation of the theme, extended discussion, survey and systematization of the main points debated, presentation of a proposal for an activity, and closing remarks.

What were the results obtained?

Initially, after selecting 10 mediators, a survey was conducted on topics relevant to the training process and necessary for the alignment of theoretical concepts that underpin the course. The training took place in the midst of the COVID-19 pandemic, totalling 40 virtual meetings that covered themes very dear" to the qualification of care in the context of obesity in Primary Care. Discussions ranged from the global syndemic of obesity, malnutrition and climate change; active living; food and nutritional security; fat activism; body, health and territory; stigma of obesity and the performance of health professionals; to mediation processes in distance learning. The mediators reported great satisfaction and utilization in the training experience, which qualified their pedagogical performance in the course offered to health professionals in the distance learning modality. 

How have these results impacted the lives of people with obesity?

It was an action to train mediators, who went on to accompany the training of 189 managers and health professionals in the distance learning course offered by the ‘Qualification of care for overweight and obese people in the context of Primary Health Care in the state of Bahia: Integrating research, extension and training (PQCPSO)’, maintained by the Federal University of Bahia (UFBA), in partnership with the State University of Bahia (UNEB), the Federal University of the Recôncavo da Bahia (UFRB), the Health Secretariat of the State of Bahia (SESAB) and the Municipal Health Secretariat of Salvador (SMS).

By Carolina Gusmão Magalhães.

Find out more about the Federal University of Bahia (UFBA)

Acesse aqui (página 02): www.worldobesityday.org/stories 

A experiência de mediação para formação em obesidade (Painel Brasileiro da Obesidade)

 


A formação de mediadores para atuarem na modalidade EAD envolve uma série de etapas que vão desde a avaliação do perfil e currículo, ao conhecimento diante da área de concentração do curso, à compreensão desta modalidade de ensino, chegando à avaliação do processo formativo e definição de atribuições e modelo de interação de professores-mediadores. Se esta formação for pensada para um curso de qualificação do cuidado às pessoas com obesidade, soma-se a esta demanda o desafio de construir um lastro científico e pedagógico para ampliar a compreensão dos mediadores no que tange a construção de novas narrativas para este fenômeno complexo e multifatorial. Convidada: Carolina Magalhães. Professora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) Capítulos: 00:00 Introdução 15:58 Quero ser mediador EAD em Saúde: como funciona? 18:23 O curso EAD que ensina profissionais a lidarem com a obesidade 24:25 Formação EAD para o cuidado da obesidade 32:18 O que está por trás da formação EAD em Saúde? 45:53 Como melhorar a percepção da obesidade em profissionais da Saúde? 54:48 O cenário de formação de profissionais em obesidade ___ O Painel Brasileiro da Obesidade é uma iniciativa realizada pelo Instituto Cordial em parceria com a World Obesity Federation, Abeso, Instituto Oncoguia, ACT Promoção da Saúde, Nebin/UERJ e LaVa/UERJ que tem como objetivo mapear e compreender os diversos fatores, perspectivas e dados relacionados à obesidade no Brasil, identificando e aproximando nichos e agendas atualmente segregadas que possam vir a atuar em sinergia para futuras estratégias e protocolos integrados. A iniciativa é patrocinada pela Novo Nordisk. Acompanhe o PBO nas redes: @painelobesidade

Para assistir no youtube, clique aqui: https://youtu.be/64rr-05-reI

#obesidade




Webinar World Obesity Day - Painel Brasileiro da Obesidade


 O World Obesity Day, internacionalmente comemorado dia 04 de março, é um marco para mobilização das organizações, gestores e profissionais de saúde, no que tange a prevenção e controle da obesidade. Esse ano o tema é "Everybody needs to act". Em parceria com a World Obesity Federation (WOF), o Painel Brasileiro da Obesidade (PBO), convida todos e todas a participarem desse evento, que contará com a presença de representantes internacionais e nacionais, no que tange a obesidade. Além disso, terá a apresentação de experiências exitosas em relação a prevenção e controle da obesidade no Brasil. ___ O Painel Brasileiro da Obesidade é uma iniciativa realizada pelo Instituto Cordial em parceria com a World Obesity Federation, Abeso, Instituto Oncoguia, ACT Promoção da Saúde, Nebin/UERJ e LaVa/UERJ que tem como objetivo mapear e compreender os diversos fatores, perspectivas e dados relacionados à obesidade no Brasil, identificando e aproximando nichos e agendas atualmente segregadas que possam vir a atuar em sinergia para futuras estratégias e protocolos integrados. A iniciativa é patrocinada pela Novo Nordisk. Acompanhe o PBO nas redes: @painelobesidade #obesidade

Para assistir: https://youtu.be/ovz6PYo8tcg 



O Mandingueiro na Capoeira

 



Por: Mestra Brisa e Mestre Jean Pangolin

 

Para compreender melhor sobre o "mandingueiro na capoeira" hoje em dia, precisamos fazer um mergulho na história com o objetivo de entendermos mais sobre a origem deste termo e discutir se a compreensão atual tem fundamento. A seguir trataremos mais sobre mandinga na capoeira.

 

Vamos então voltar no tempo, bem lá atrás, com a chegada dos “Malês” (hauçá málami, "professor", "senhor", “imale” no ioruba, "muçulmano"). O termo Malê era usado em nosso país, do século XIX, para designar os negros muçulmanos escravizados, que chegaram ao Brasil no final do século XVIII. Vale ressaltar que os Malês eram diferenciados, pois em sua grande maioria, eram bilíngües, dominavam a ciência matemática, eram hábeis comerciantes, extremamente articulados politicamente, conhecedores da escrita alfabética e, muitas vezes, superiores intelectualmente aos seus escravizadores.

 

Dentre os Malês, queremos chamar a atenção para um grupamento conhecido como "Mandingos", também chamados de Maninka, Manding, Mandenka e Mandinko. Esses indivíduos são um grupo étnico oriundo da África ocidental, remanescentes do antigo Império do Mali, o qual foi fundado no século XIII, pelo Mansa Sundiata Queita. Assim, quando escravizadas para a Bahia, essas pessoas tinham o costume de estarem sempre juntos aos seus e de carregarem no peito um cordão com um pedaço de couro enrolado, com inscrições de trechos do Alcorão dentro. Neste sentido, quando os negros de outras etnias observavam os Mandingos, por não saberem do que se tratava aquele objeto pendurado, intuíam que era uma espécie de "magia" ou "feitiço", passando a reconhecer esse artefato como um "amuleto" e a chamá-lo de patuá.

 

Primeiro dizer o quanto interessante é saber da origem das coisas e fatos. Os mandingos eram pessoas com destacada fé religiosa, que carregavam sua crença no pescoço, mas não eram mágicos nem feiticeiros. Você vê como o olhar do outro pode atribuir características a nós, que nem sempre são de fato nossas. Provavelmente, aconteça isso com você também.

 

Essa interpretação "diferente" do real intuito dos Mandingos sobre o que seria o "Patuá", fez com que, ao longo dos anos, o sentido da palavra assumisse significados outros, sendo, atualmente, um tipo de amuleto muito utilizado por pessoas ligadas as religiões de matriz africana, feito de um pequeno pedaço de tecido na cor correspondente ao seu guia no plano espiritual, com o nome da entidade bordado e colocado em um determinado preparo de ervas e outras substâncias específicas, para cada caso. Assim, nesta metamorfose de significação cultural na Bahia, os capoeiras antigos que carregavam seus amuletos - Patuás, passaram a ser reconhecidos como "mandingueiros", ou seja, seriam "magos" ou "feiticeiros" que dominavam os segredos do mundo espiritual, sendo tudo isso também atrelado a determinadas características, que vão da forma de vestimenta/indumentária até os trejeitos de mobilidade no jogo da capoeira.

 

Mais uma vez pergunto, é assim mesmo? Todo(a) capoeirista que carrega no pescoço um adereço que parece “patuá”, batas com tecido africano, é mágico? É feiticeiro? Conhecedor dos fundamentos religiosos? Ou pode ser um “capoeira fake”? “Fantasiado” para que os desavisados assim o reconheçam? Só sei que é preciso muito mais do que penduricalhos e adereços, para nos transformar em conhecedores de um fundamento. O fundamento ou o conhecimento de qualquer coisa na vida deve ser primeiramente sentido, vivido, deve fazer parte de nós como no caso dos mandingos com seu Alcorão, para assim ser identificado pelo olhar atento de terceiros.

 

O problema real é que hoje estamos vivendo em tempos estranhos. O aluno que entra na minha sede só quer aprender o “belo”, o fácil pra ele. A gente chama pra ir num evento de um mestre antigo, ele esquiva do convite, pois, ou tem uma festa ou programa mais interessante, ou ele não gosta do evento, pois é chato ter que ficar horas junto do mestre que só quer falar, não deixando ele jogar toda hora, como deseja. A capoeirista mal chega já pergunta quando vai ganhar corda de formada? E quando você fala sobre o que ela precisa aprender pra chegar lá, ela diz: Poxa, demora muito! E sai da academia com outros projetos, que não mais a capoeira... As coisas estão mesmo estranhas.

 

Outro dia, ouvi falar de uma tal de “modernidade líquida”, termo criado por um senhor chamado Balman, que dizia que as relações hoje estão frágeis, e que toda a estrutura social sólida está desmoronando, desconstruindo todos os moldes tradicionais e valores presentes, volatilizando a ação do indivíduo que abandona suas referências. E não é que isto está acontecendo mesmo? Capoeirista quer o “like” do Instagram, não importa de quem e como seja conquistado. Prefere convidar para o evento e pagar o cachê astronômico do famoso “Zé Ninguém” que está nos seus 15 minutos de fama, do que honrar nossa ancestralidade convidando a mestra antiga, que já não “pula tanto”, mas que conhece de todas as fases que um capoeirista passou e passará vivendo desta arte. As coisas estão mesmo estranhas.

 

Lembrei-me de mestre Buguelo da Bahia cantando:

“Ai Deus, ai mundo

Quem não sabe nadar, vai ao fundo”

 

E neste emaranhado de estranhezas, prefiro me curvar à lógica de um “patuá” preenchido com fé material/imaterial, negando a embalagem bonita de algo oco e vazio, para ‘inglês ver”...

 

E você, quem é? Alguém de Asé, ou mais um Oco da parada.

 

Axé!

 

Ei, psiu, gostou? Então compartilhe, ajude a capoeira a refletir.

 

 

 

 


Os Capoeiras e Sua Crise de Identidade (por Mestra Brisa e Mestre Jean Pangolin)

 



Atualmente é comum encontrar alguma situação em capoeira com aspectos no mínimo "estranhos" a arte em si, pois vivemos um momento de gigantesca crise de identidade, considerando que uma parte significativa da comunidade deseja "colher, o que não plantou" e/ou imitar formatos culturais alheios a matriz de seu lugar, sem o devido "filtro" de pertinência ancestral e funcionalidade de cada tempo histórico. E o pior, não sabe ele, que imita o alheio, que por sua vez, está tentando imitar a matriz de seu lugar... Deu um “nó” na cabeça, né?! Então, trataremos a seguir de explicar sobre os elementos e exemplos da "metamorfose" cultural da capoeiragem e suas contradições relativas à afrodescendência.

 

Um aspecto inicial se apresenta na forma como alguns grupos e capoeiras se relacionam com os antigos mestres e mestras. Na maioria das vezes, convidam esses indivíduos para suas atividades e os transformam em meras "alegorias", como uma espécie de quadro velho na parede. Via de regra, estes homenageados “ilustres” só servem para emprestar prestígio à instituição que os convida pela falsa noção de respeito a uma "ancestralidade", que, "empoeirada", precisa se “enfeitar” por uma lógica de modernidade, para sobreviver naquele local. Lamentável! Imagine!? Ele convida o mestre(a) porque é uma referência, respeitada no mundo da capoeira, mas ele mesmo, não sabe nem porque respeitá-lo!? Como fala Caetano: Triste, Bahia, oh, quão dessemelhante!”. O mestre é louvado apenas de forma "fake", pois será usado/abusado como um "papel de presente", mas não será a referencia no toque, canto, jogo e filosofia daquele contexto, que diz render-se com deferências ao mesmo... A-B-S-U-R-D-O!

 

Imagine aí comigo... O toque está extremamente acelerado, esmagando o balanço melódico do ijexá! O jogo está tão mecanizado, que se confunde com uma mobilidade grotesca de ginástica de solo, mal feita, diga-se de passagem! E as cantigas? Não refletem o cotidiano cultural local, mas sim, uma versão estereotipada de algum herói de quadrinhos do Ocidente... TRISTE REALIDADE... O que o capoeira do presente está deixando pro capoeira do futuro?

 

Às vezes, temos a impressão de estar em um tipo de "circo dos horrores", em que vemos de tudo, ab-solu-tamente tudo, menos capoeira! E é, neste sentido, que a naturalização de tais aberrações tem contribuído para essa tal de crise de identidade. Estamos vendo em nossas frentes o processo de pasteurização da cultura. Sabe quando pegam o leite direto da vaca e passam na máquina pra matar os microorganismos que podem fazer mal a saúde humana? Pois é, o problema é que matam todos os microorganismos, maus e bons, deixam o leite sem vida! Estão fazendo isso com nossa capoeira, retirando-lhe a riqueza, criando protótipos atléticos e esvaziando o axé – energia vital. Cuidado capoeira, a arte não pulsa em um “fazer” desprovido dos cuidados necessários com os princípios estruturais do saber dos antigos em nós.

 

Algumas pessoas em capoeira vivem "fantasiados", literalmente, utilizando indumentárias de traço afrodescendente, cortes de cabelo, adereços religiosos, mas concretamente, desconhecem a simbologia dos signos que carregam, ou seja, porquê os nossos antepassados os carregavam no pescoço, nos braços e em suas mentes. E pior do que isso, não acreditam nem vivem o cotidiano de tal simbolismo, ou seja, o patuá virou enfeite no pescoço, mas não fecha o corpo que nem consciência de si possui. A argola na orelha esquerda virou artefato sensual, a bata virou camisa da moda e as contas, ah as contas, são compradas no armarinho do pelourinho, sem a devida compreensão do seu vínculo com o axé e, conseqüente, energização do corpo. Em interpretação diferente, parafraseio o mestre Pastinha para falar da compreensão cultural destes/as capoeiras: Eles não estão sentindo, absolutamente, NADA!

 

Por fim, falar de algumas capoeiras que, em crise de identidade, imitam uma capoeira de fora do seu lugar, sem saber que, em muitos casos, o que o de fora faz, se espelha, ou tenta se espelhar, na capoeira do seu lugar. Que brincadeira de picula, hein meus camaradas?! Não seria mais fácil olhar pra dentro? Olhar pra sua terra, olhar para o cotidiano de seus antigos, as referências do seu lugar? Sentir os porquês do balanço no caminhar daquela mestra antiga? As nuances do “jiká” nos ombros daquele mestre? Os porquês do contrapasso na ginga do mestre, que “dá um nó nas pernas” do companheiro de jogo... Enfim, Abrolhos!

 

O desafio é flertar com a modernidade, sem deixar a ancestralidade sair de nós. Fica a dica!

 

Axé!

 

Ei, psiu! Gostou? Então compartilhe, ajude a nossa capoeira a refletir!