Os Capoeiras e a "Boca
Torta" pelo Costume do Cachimbo:
A naturalização das aberrações
Por: Mestra Brisa e Mestre Jean Pangolin
Como já dizia minha vó...."o
costume do cachimbo deixa a boca torta", e neste mesmo sentido, penso que
a naturalização de alguns comportamentos na capoeira também criou uma espécie
de desvio tortuoso daquilo que deveria ser regido pelo bom senso. Assim, discorreremos
abaixo sobre a natureza destes comportamentos nocivos a arte.
Vamos lá... Um primeiro comportamento
muito freqüente entre alguns capoeiras é a "fofoca", o
"disse-me-disse", muitas vezes tão observado que parece até ser um
elemento identitário, quando de fato é apenas mais um comportamento humano
desprezível, pois, invariavelmente, quem fala mal de alguém para você, quase
sempre falará mal de você para os outros. Assim, aprenda de uma vez por todas
que o antídoto para a fofoca é parar o fofoqueiro, se recusando a ouví-lo...
Dizendo..."não me interessa".....sorrindo e saindo de perto...
Um segundo comportamento é a inveja,
um outro comportamento feio, pois consome o invejoso por uma energia
paralisante e não agrega nada de positivo para a comunidade. Como já dizia o
grande mestre Riachão do samba... "A inveja tem quatro olhos, a inveja não
vive bem, a inveja berço da incapacidade, vive com maldade, roubando o sossego
de alguém". Desta forma, o invejoso sempre vive como um parasita da vida
alheia, uma espécie de sanguessuga que nada produz e vive de criticar a
construção do outro... Lembre minha amiga, meu irmão! O melhor remédio para a
inveja é o TRABALHO e o esquecimento para estas pessoas, e logo verá todas elas
ficando para trás, afundando na "lama", e sua vida... haha!... sua
vida prosperando!
Um terceiro comportamento digno
de tristeza é o uso de drogas. Estas substâncias psicoativas, permitidas ou
não, são hoje um grande desafio para nossa comunidade, pois para muitos é
aceitável, pois faria parte das ações individuais e privadas, não cabendo o
crivo moral, social... Seeeeeráááááá? E pior, quando vemos que praticantes de
determinado estilo de capoeira já são socialmente associados ao uso de
determinado tipo de droga - o cachimbo da paz. Quanto equívoco! Penso no uso destas substâncias como um
dos grandes males de uma sociedade adoecida, em que o alívio das mazelas do dia-a-dia
precisa ser feito por uma desconexão da realidade, criando assim um exército de
"zumbis" culturais. Ainda pior quando este uso é protagonizado por
quem deveria ser, em tese, o tutor de crianças e mais jovens, educando pelo
exemplo positivo.... Lamentável...
Um quarto exemplo, só pra não "esquecer
de lembrar"... O ajuntamento em "grupinhos", é outra grande
dificuldade da comunidade, pois enfraquecem o sentido UBUNTU, filosofia
africana que diz que "SOU porquê SOMOS", e desarmonizam as relações
com a diversidade, criando uma "luta" entre excluídos que se tornaram
semelhantes ao pior dos excludentes da classe dominante, ou seja, muitas vezes
estes coletivos não se percebem manipulados pelo opressor para enfraquecer a
"luta" contra os verdadeiros donos do capital. E assim... a cor da
pele, o gênero, a orientação sexual, acabam sendo pontos de "desencontros",
quando poderiam ser a grande ferramenta de "encontro" pela percepção
de que todas essas ditas minorias são exploradas pelo modo de produção que
"coisifica" todos em favor do lucro.
Só pra não esquecer, um quinto e
último comportamento... A defesa e cooptação dos capoeiras, por uma política
partidária, predatória e manipuladora, é um mal terrível nos dias atuais, pois
tenta a todo custo "arrebanhar" os menos críticos para projetos de
poder que enganam o povo, dizendo ser a luta pelo bem comum, sendo na verdade
em favor do "umbigo" dos donos de discursos
"revolucionários", que, na maioria das vezes, não conseguem nem
alterar a obscuridade da própria vida, mas insistem em transformar o
"mundo do outro" com receitas prontas.
Enfim, 05 exemplos de comportamentos
humanos que hoje só projetam a nossa arte pro fundo do poço... Eu poderia
seguir descrevendo diversos outros conflitos naturalizados como
"normais", cachimbos que deixam nossa "boca torta", mas por
hora irei chamar o jogo... O berimbau não quer mais falar... Pra terminar
pergunto... Você é mestre? Está a caminho da mestria? Então me diz... jogarás
este "cachimbo" longe? ou seguirás como citado nas escrituras
sagradas "vendo o cisco no olho do teu irmão e sem reparar a trave que
está no teu próprio olho"?
Axé!
Ei, psiu... Gostou?
compartilhe!!! Ajude a capoeira a refletir e crescer...
Nenhum comentário:
Postar um comentário